Há dois anos recebi como presente, de Natal ou de aniversário, confesso que já não me recordo qual, a biografia de Bill Clinton. Andava na altura obcecado por biografias e tentava entender o mundo, através das pessoas que detinham ou detiveram o poder.
Li-o e fiquei a entender melhor a pessoa que está por trás do presidente.
Este homem foi, na minha opinião, o melhor americano que nos últimos anos ocupou a cadeira da Sala Oval na Casa Branca. Tinha tudo para não ser bem sucedido. O seu pai biológico faleceu de acidente ainda antes de ele nascer, e a sua mãe, meiga e forte, refez a sua vida com um homem que era jogador e alcoólico, tendo sido vítima de múltiplos abusos.
Cresceu nesta relação disfuncional no entanto, e não obstante isto, deu a volta por cima, tornando-se num dos homens mais “fortes” do planeta. Realça dois momentos de viragem que influenciaram a sua vida. O primeiro em 1963 quando inserido num grupo de jovens foi recebido por John F Kennedy na Casa Branca. O outro, o discurso “I Have a Dream” que ouviu pessoalmente da boca de Martin Luther King.
O 42º Presidente assumiu o cargo com apenas 46 anos, depois de já ter sido Governador do Arkansa.
Presidiu durante o mais longo período de expansão económica da América, em tempo de paz.
Foi o primeiro presidente da geração pós-guerra. Conhecida por “Baby Boomers”, essa geração está associada a uma rejeição dos valores mais tradicionais e uma das suas principais características é considerarem-se especiais.
Em todo o seu brilhante trajecto de vida, a história vai sempre recordá-lo pelo caso Mónica Lewinsky.
Acusado de perjúrio e obstrução à justiça, num escândalo sem precedentes, os ultras tradicionalistas de extrema-direita, estiveram a um passo de o por na rua da Casa Branca

Não faço juízos de valor sobre os acontecimentos mas compreendo o que ele quis dizer quando refere que “era fácil dizer que a vida privada de um presidente deveria continuar a ser privada. Mas, uma vez que o que eu fizera estava à vista de todos, em toda a sua fealdade, as pessoas só podiam reagir em função das suas experiências pessoais, marcadas não só pelas suas convicções, mas também pelos seus medos, desilusões e sofrimentos.”
Agora imaginem o homem com capacidade para iniciar guerras e destruir países e que ao mesmo tempo “continuava a dormir num sofá, na salinha que ficava ao lado do nosso quarto. Dormi naquele sofá velho durante dois meses ou mais. Li, pensei e trabalhei naquele sofá…”
Foi, sem sombra para dúvidas, um grande vulto da história contemporânea, e apesar das suas virtudes e contradições exerceu o cargo sobrevivendo ao escândalo, afirmando-se como um dos presidentes com o maior índice de popularidade em fim de mandato.
Dedica-se actualmente a causas filantrópicas das quais se destacam fundos para apoio ao tratamento e prevenção da SIDA (HIV – HIDS) assim como à causa do aquecimento global.
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