Ter uma casa própria, é hoje uma dor de cabeça do caraças para muita gente. Muitos são os que já desistiram, e entregaram-nas aos bancos, e outros, só ainda não o fizeram, porque… sinceramente não sei bem porquê!
A impossibilidade de cumprir com os seus compromissos, afecta cada vez mais famílias. Falamos de gente honrada, para quem toda esta situação originada pela crise, é bastante confrangedora.
Gente a quem foi vendida a ideia que esse era o investimento das suas vidas. Nada era melhor. Mesmo que hipotecando o futuro da sua família.
O governo, por sua vez, deu cobertura a todo este negócio que envolvia muitos milhares de milhões de euros.
Será que o que está na origem de tudo isto é a preocupação altruísta dos bancos e do governo com as famílias?!
Claro que não.
A explosão do crédito dá-se nos anos 80 como resposta a uma fase de estagnação das economias, nomeadamente nos países mais industrializados do velho mundo. A desregulamentação do sistema monetário internacional após dois violentos choques petrolíferos na década de 70 deu origem à desvalorização do dólar que perdeu a sua paridade face ao ouro. Assistiu-se a uma queda generalizada do comércio internacional.
Havia que rapidamente encontrar uma solução para dinamizar o mercado. Manter o mercado a funcionar era a prioridade máxima. Tinha de rapidamente incentivar-se o consumo.

No que diz respeito ao assunto de hoje, essa era uma época em Portugal que o mercado de aluguer estava completamente paralisado. Não se faziam actualizações nas rendas pelo que não existia investimento, e não existindo investimento... chegou-se à situação em que o valor da renda não justificavam simples obras conservação. Os edifícios começaram a degradar-se.
Os senhorios, eram considerados uma corja de malandros capitalistas.
Este ambiente social, aliado à falta de regulamentação dos arrendamentos, era propício aos mercados de capitais na sua estratégia de fomento ao consumo. Faziam-se contratos a 30 ou 40 anos. Era uma garantia de estabilidade do sistema, com rendimentos garantidos a longo prazo. Cá estava o agora famoso mercado a actuar. Nesta altura já estavam envolvidos em toda esta tramóia.
No anos 90 e início do novo milénio, comprar era um bom negócio uma vez que o valor das prestações na aquisição de casa própria era, 20 a 25% abaixo das rendas praticadas em alugueres de habitações com idênticas características.
Hoje, fruto dessa conjuntura, a grande maioria dos Portugueses tem habitação própria. Ou tinha. O Estado, por seu lado, esquecendo-se das circunstâncias que conduziram a esta situação, considerando-nos, a todos nós, proprietários, e somos tratados como tal pela máquina fiscal. Somos ricos.
Os impostos sobre a propriedade aumentaram brutalmente. Sobre o imobiliário incidem impostos directos e indirectos, nacionais e municipais.
Actualmente o mercado de arrendamento disparou. Só no último ano cresceu mais de 70%. A opção hoje passa, cada vez mais, pelo arrendamento. Permite uma maior mobilidade das famílias. Quando podem optam pelo retorno às origens. Assiste-se ao abandono das grandes cidades onde o custo de vida é mais elevado.

Não sendo possível a venda das suas antigas casas, estas são agora colocadas no mercado de aluguer, dinamizando assim o sector.
Mas se hoje arrendar é mais fácil, isso deve-se a circunstâncias absolutamente anormais. A dificuldade de novos financiamentos e o aparecimento de várias casas disponíveis no mercado de arrendamento pelo valor da mensalidade ao banco, gera oportunidades excepcionais à dinamização desta actividade.
Se pudesse voltar atrás, eu alugava.
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